Para qualquer direção que olharmos enxergaremos a Logística. Seus macroprocessos de entrada e de saída, internos, reversos e de fluxos das informações compõem o principal e mais espetacular serviço prestado a um país. A Logística é o mais concreto meio de desenvolvimento econômico que proporciona ao Brasil o alcance de metas através da viabilização de vários outros processos em qualquer segmento no mercado dando-lhes a chance de êxito, embora não pertença aos processos logísticos nada que possa ser classificado como fácil.
Já parou para pensar que para qualquer atividade comercial conta-se sempre com os processos logísticos? E isso não se restringe apenas aos serviços de transporte. Hoje, tudo o que é realizado necessita da parceria com a Logística, pois ela está presente do teto em que você mora até a comida que vai à sua mesa.
O que seria da Agricultura sem os meios inovadores de colheita e de armazenagem? Da Construção Civil sem a disponibilização da infinidade de materiais necessários para suas atividades? E não é despropositada a citação das principais áreas que alavancam a economia brasileira. Mas, vale também citar a presença da Logística junto ao autônomo que promove o empreendedorismo essencial para seu sustento e para promover o papel do Estado, muitas vezes negado. Só estas razões bastariam para termos uma logística mais bem assistida pelos governos e desconstruirmos determinados conceitos presentes, nas áreas públicas e privadas, que tratam os investimentos em logística como custos.
De outra forma não poderia ser explicada a displicência e irresponsabilidade do poder público para com a Logística. Estamos atrasados por termos ainda o transporte rodoviário como principal modal, ao mesmo tempo que as estradas brasileiras limitam faturamentos e tiram vidas pelas suas precariedades.
Com apenas 12% das estradas asfaltadas, parece uma sandice termos mais de 70% de nossas cargas transportadas por rodovias. Com o evidente desenvolvimento das atividades portuárias, por onde passa uma boa parcela de nossas riquezas, parece, no mínimo, inadequado que nossos portos não tenham a estrutura necessária para tal. E o que falar de nossas ferrovias e suas bitolas incompatíveis que ligam algo a coisa nenhuma? Na verdade, em pleno século XXI, deveríamos estar numa condição bem diferente e poderíamos atravessar as crises previstas nos ciclos econômicos de forma bem mais branda, pois nessas horas o poder da competitividade é potencializado por uma boa infraestrutura logística que possibilita processos mais enxutos.
Do contrário do que queríamos, temos um custo logístico extremamente alto. Cerca de dois terços do custo de um produto estão ligados às despesas logísticas. Porém, o que poderia ser totalmente ruim inunda o setor de expectativas. Ou você tem dúvidas sobre as imensas possibilidades de melhorias dos processos? A busca por alternativas para diminuir esses custos batem de frente com a falta de investimentos no setor, é bem verdade, mas há um campo interno ainda pouco explorado que depende do conhecimento para ser melhorado.
A solução aponta para o setor privado e sua atitude em não esperar pelo poder público. Cada vez mais fica evidente que as concessões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos implicam numa nova condição para o Brasil. Claro que o correto seria uma maior participação dos impostos arrecadados no desenvolvimento logístico do país, a exemplo de muitos países que investem em inovações na armazenagem e no escoamento de seus produtos, mas tudo piorou quando passamos a esperar de maneira exclusiva pelo que não veio.
Com todo esse ambiente controverso e com todas as dificuldades que são agigantadas pelas deficiências da infraestrutura logística brasileira, essa área presta um extraordinário serviço ao país através de seus profissionais, ainda carentes de qualificação em sua maioria, mas valentes e determinados, tendo como principal objetivo proporcionar caminhos para que outras áreas alcancem seu sucesso.
Sempre que pensar em qualquer processo, veja e reveja os processos logísticos envolvidos. Eles podem determinar quanto custarão, como ocorrerão e quais serão os resultados de suas atividades.
Marcos Aurélio da Costa
Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.