Com o fim do processo de impeachment, o desafio do novo governo é melhorar o ambiente de negócios, resgatando a credibilidade e a atratividade da economia brasileira para os investidores internos e externos. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o novo governo pode abrir perspectiva inédita de reformas necessárias para o ajuste econômico, pois não terá nenhum compromisso político, a princípio, de reeleição. Portanto, estará isento de pressões para tomar as medidas, muitas vezes, impopulares. Na análise da Entidade, deve ser prioridade uma agenda de reformas fiscal, da previdência e política, além de um novo processo de privatizações, ainda mais ousado do que o ocorrido na década de 1990.
É fundamental, segundo a Federação, que o governo se conscientize que sem ajustar o tamanho do estado com a real capacidade contributiva da sociedade, a economia brasileira será incapaz de alcançar o crescimento sustentável. Desta forma, a FecomercioSP aponta ser imprescindível o resgate do tripé econômico (superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação), pois o Brasil somente conseguiu resultados virtuosos na década passada, inclusive o investment grade (grau de investimento), graças ao respeito a esses instrumentos.
Para o equilíbrio das contas públicas e o retorno da credibilidade, a Entidade julga ser essencial que o governo busque uma sintonia entre as políticas monetária e fiscal, que possa abrir espaço para uma futura queda na taxa de juros, vital para a retomada dos investimentos. O governo deve abrir mão do caminho da conveniência de aumento de impostos e buscar reduzir drasticamente os gastos públicos por meio de um projeto de longo prazo.
A taxa de câmbio deve refletir o mercado e flutuar livremente, em conjunção com objetivos de restauração da confiança dos agentes econômicos, e abrir espaço para futura queda dos juros, evitando interferências e artificialismos que só trazem incertezas ao mercado.
A busca pela convergência para uma meta factível de inflação ao seu centro, de acordo com a FecomercioSP, deve ser reiteradamente buscada e demonstrada, por meio da reorganização das finanças públicas e reversão da trajetória ascendente da relação dívida/PIB.
Para atrair investimentos, a entidade pondera que o governo terá que acelerar o processo de concessões, estimulando investidores nacionais e internacionais a ampliar suas apostas no Brasil. A adoção de marcos regulatórios, juridicamente seguros, ágeis e atrativos, segundo a Federação, reduziria a burocracia e criaria condições e garantias duradouras para o investidor acreditar no país. Nesse bloco, as concessões sob regras de mercado com garantias institucionais firmes têm enorme papel em destravar os investimentos em infraestrutura, tão necessários ao Brasil.
Embora as circunstâncias conjunturais estejam indicando que este ano o PIB ainda apresentará queda de 3,5%, a FecomercioSP acredita ser provável que já em 2017 a melhoria das expectativas e por consequência dos investimentos propicie um crescimento econômico ao redor de 1,5%.