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TRC sofre com falta de investimentos e violência no trânsito

21 de fevereiro de 2017

Estrada - Fonte Paulo Junqueira PQ

O transporte rodoviário é responsável hoje por mais de 90% de todas as cargas transportadas no país. Apesar de esse modal estar muito à frente dos demais, o segmento sofre com a falta de investimentos e a violência, o que impacta diretamente o setor de seguros.

O baixo investimento em infraestrutura prejudica a manutenção e a fiscalização das estradas. Segundo um estudo recente da consultoria Pezco Microanalysis, o país aportou apenas 1,5% do PIB em melhorias, o menor volume já registrado. Isso significa que pelo menos R$ 96 bilhões deixaram de ser investidos em diversas áreas, incluindo Transportes.

Dessa forma, passou a ser comum vermos estradas esburacadas, mal sinalizadas e sem fiscalização. Nas estradas estaduais do Rio de Janeiro, por exemplo, não há qualquer balança em funcionamento, segundo admite o próprio Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ). A título de comparação, em São Paulo, estado que possui uma área cinco vezes maior, existem 186 postos de controle.

Como resultado, caminhões com excesso de peso causam prejuízos às estradas e colocam a segurança em risco de milhares de motoristas todos os dias. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), somente no ano passado foram autuados 76,2 mil veículos com excesso de peso. Não à toa, mais de 44 mil brasileiros morrem todos os anos em decorrência de acidentes nas estradas do país.

“Essas questões impactam muito o setor de seguros. Para se ter uma ideia, a sinistralidade do mercado em Transportes foi de aproximadamente 67%. É um índice muito alto, que representa o quanto precisamos investir não apenas melhorar as condições de nossas estradas, mas também trabalhar para diminuir a violência no trânsito”, afirma Ivor Moreno, gerente de Transportes da Argo Seguros.

Esse abandono das estradas não se restringe apenas a fiscalização. Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um estudo revelando que a indústria brasileira de transformação gasta cerca de R$ 130 bilhões com segurança privada e com perdas decorrentes de roubo de cargas e vandalismo. Ainda segundo esse levantamento, os custos com crimes violentos aumentaram nos últimos anos, graças principalmente à crise econômica. Entre 2010 e 2015, o número de ocorrências cresceu 64%.

Para tentar diminuir os prejuízos, empresas e seguradoras passaram a adotar uma série de medidas de segurança como viagens em comboios, instalação de rastreadores, a contratação de escoltas armadas, e a colocação de iscas nas cargas. “Todos esses mecanismos de prevenção e de gerenciamento de risco são importantes, mas se tornam mais eficientes quanto traçamos uma estratégia personalizada para cada cliente. Talvez por isso, a sinistralidade da Argo Seguros até novembro de 2016 foi de 50%, uma das menores entre as principais companhias do país”, revela o executivo.

Por fim, de acordo com levantamento do Fórum Econômico Mundial, das 138 economias avaliadas, desde 2006 a brasileira está entre as 25 piores colocadas no indicador de “custos com violência”. Em 2015, o Brasil ficou atrás de países como Haiti, República Dominicana e Argentina.

“Esse ano é possível que esse quadro comece a mudar, não apenas com a provável estabilização da economia, mas também com algumas mudanças regulatórias, como as que tratam de novos leilões e concessões”, avalia Ivor.

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