A Vale e a GE Transportation desenvolveram um sistema, inédito no Brasil, que permite conduzir automaticamente os trens da empresa por meio de um computador de bordo. O sistema, tecnicamente conhecido como Trip Optimizer, é mais um recurso à disposição do maquinista, como ocorre com o piloto automático de um avião.
Durante três anos, foram realizados testes em quatro locomotivas na Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga as minas da Vale no Sudeste do Pará ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Eles permitiram reduzir o consumo de combustível em até 2,45%. Quando o sistema estiver totalmente implantado, a partir de 2019, a economia será de R$ 35 milhões por ano na compra de diesel para aquela ferrovia. Serão 9,4 milhões de litros de diesel B8 que deixarão de ser consumidos. Isso significa uma redução de 22,7 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. Esta quantidade é igual à emissão de cerca de 31 mil carros populares, motor Flex 1.0, rodando 10 mil quilômetros por ano ou quase 30 quilômetros por dia.
O Trip Optimizer calcula, em tempo real, o melhor momento de acelerar e frear com eficiência a partir de um percurso pré-definido com base em um programa especialmente elaborado para este tipo de operação, considerando fatores como comprimento do trem, peso, qualidade e condições da via, assim como quantidade, potência e desempenho das locomotivas. Durante a viagem, os computadores, interligados aos demais sistemas de bordo e de GPS, planejam constantemente a melhor forma de conduzir cada trem, avaliando mudanças que possam ocorrer durante o trajeto, de modo que o trem possa chegar a tempo, com segurança e com uso mínimo de combustível.
“O sistema permite à Vale aumentar a sua produtividade logística e, evidentemente, cada ganho como este nos ajuda a reduzir a desvantagem natural que temos em relação aos nossos concorrentes australianos, que estão muito mais perto de nossos clientes do que nós. Outro aspecto importante é o ganho ambiental, pois reduzimos também as emissões de gás carbônico ao gastar menos combustível”, afirma Humberto Freitas, diretor-executivo de Logística e Pesquisa Ambiental. Já o presidente e CEO da GE Transportation para a América Latina, Marcos Costa, destaca a solução customizada usada para desenvolver o sistema, já que, na EFC, circulam os maiores trens do mundo, com 3,4 quilômetros de extensão, formados por 334 vagões e três locomotivas – a principal, que puxa a composição, e duas auxiliares, colocadas a cada lote de 110 vagões. Neste caso, o Trip Optimizer é instalado na locomotiva principal.
Na EFC, o equipamento será instalado em 114 locomotivas, iniciando no segundo semestre. Testes pilotos na Estrada de Ferro Vitória a Minas, que liga as minas da Vale ao Porto de Tubarão, e no Corredor Nacala, em Moçambique, onde a empresa tem operações de carvão, serão iniciados brevemente.